segunda-feira, fevereiro 20, 2006

"Electro" * vs Tribal/Progressive e o MP3 ilegal

Frequento alguns fóruns da internet que são mais virados para a música de dança/electrónica, e leio uns quantos comentários, provenientes de DJs e/ou produtores mais virados para as ondas Tribal/Progressive, que se queixam que cada vez mais só lhes põem á frente discos de "Electro", e que isto agora "é só Electro, já chateia" ou "o Electro é um raio de uma moda que nunca mais passa", entre outros comentários bem mais ofensivos. É a opinião deles, e estão no direito deles. E quem os ouça, até parece que já só se ouve "Electro" em tudo o que é sítio, e que o "Electro" é o estilo predominante na noite portuguesa. O que está muito longe da realidade. É mais que sabido que quem continua a encher a generalidade os grande eventos continuam a ser os DJs mais virados para as sonoridades Tribal/Progressive, o que eu acho bem, porque considero as ondas mais viradas para o Electro-Tech-Minimal-Acid não são tipicamente sonoridades para grandes eventos, são mais viradas para clube, e para um público de certa forma especializado e tendencialmente mais atento a coisas novas, ao contrário do House em geral, e das derivações Tribal/Progressive em particular, cada vez mais virado para as grandes massas, geralmente não tão atentas a coisas novas, e com preferência por ouvir coisas cuja fórmula seja tendencialmente mais fácil de assimilar.

Portanto, ao contrário do que afirmam os DJs/Produtores de Tribal/Progressive, a cena deles, em termos de noite, de eventos, continua de boa saúde. Mas a verdade é que dentro do estilo prefrido por eles, e tendo em atenção tanto as queixas dekles nesse sentido, como a observação atenta a algumas tabelas de vendas de lojas de discos, saiem cada vez menos coisas novas dentro do estilo deles, e, eu pergunto-me: Qual será a razão de tal?

Eu penso que o facto de, supostamente, cada vez se encontrar mais discos de "Electro" do que Tribal/Progressive nada tem a ver com a suposta predominância do "Electro" apregoada pelos tais DJs de Tribal/Progressive, e, segundo a MINHA OPINIÃO (quero realçar que é apenas uma opinião, que vale o que vale) tem a ver é com o seguinte:

O público que gosta e consome "Electro" é tendencialmente mais velho e mais conhecedor (ter em atenção que estou a generalizar), e tem, geralmente, mais respeito pelos artistas e pelas editoras, ou seja, adquire de forma legal as coisas que são editadas. Inclusivé, tendo em conta o que eu vejo no Lux, raramento vejo DJs como o Tiga, o Ivan Smagghe, o Michael Mayer, os Disorder, o Nelson Flip, o Expander, etc a usarem cds (obviamente que lá passam umas "promos" em cd, mas é pouca coisa...). E a maioria dos DJs mais virados para o "Electro" que eu conheço pessoalmente praticamente só usam vinil quando passam música...

Já o público que gosta e consome Tribal/Progressive é tendencialmente mais novo, e menos conhecedor (atenção, mais uma vez estou apenas a generalizar, conheço pessoalmente DJs mais virados para as ondas Tribal/Progressive com uma excelente cultura musical), e, para além disso, já quase nasceu com a ideia de que a música é de borla, á conta da cultura do mp3 sacado ilegalmente da internet. Ou seja, sacam tudo e mais alguma coisa da net, e os produtores e as editoras ficam em maus lençois, tendo, consequentemente, de editar menos coisas e de arriscar menos em novos artistas. É também o estilo onde mais existe pseudo-djs (também o há no "Electro", mas pelo que vejo, em muito menor nº).

Como é óbvio, isto, na minha opinião, repercute-se mais nas edições de Tribal/Progressive, do que nas de "Electro", pois se as editoras não vendem, deixam de editar como editavam, não apostam em coisas novas (os nomes dentro do Tribal/Progressive há já uns anos que não mudam muito...pelo menos tendo em conta ao que vou estando atento). Em contrapartida, nas editoras mais viradas para o "Electro", as vendas continuam relativamente boas, e costumam existir mais apostas em novos nomes.

E não esquecer que hoje em dia o House é um estilo praticamente "mainstream", já perdeu muita da aura "underground" que tinha, e apela hoje em dia muito mais facilmente ás massas do que o "Electro", e como tal, susceptível de ser mais facilmente absorvido pelas novas gerações do que o "Electro".

Espero não ter sido nem muito confuso, nem muito incoerente...


*uso aspas por entre a palavra Electro, pq é cada vez mais redutor chamar Electro a este tipo de sonoridades...

17 comentários:

Anónimo disse...

Essa conversa do MP3 ilegal já chateia, vais sempre bater na mesma tecla!

Anónimo disse...

http://www.kumquat-tunes.com///index1.php?action=releases#

Ouve lá o último release de paste e diz-me o como é que catalogas este som.

Abraço

Anónimo disse...

E já agora ouve o de Absolut&Blade, "Crash"!

Hasta!
;-)

Electrobot disse...

A intenção do meu post não é falar sobre as questões do passar ou não som com músicas sacadas da net (já tivemos discussões bastante acesas acerca disse), mas sim o de certa forma justificar o porquê de certo estilo musical ter vendas mais saudáveis do que outro e de aparentemente haver mais discos de determinado estilo á disposição no mercado, em comparação com outros...Nada mais do que isso.

(E a minha noção do que é Progressive tem a ver com o tipo de sonoridades que geralmente aparecem tipo em compilações misturadas pelo Sasha, pelo John Digweed ou pelo DJ Vibe...)

Não me desvirtuem o sentido real do post s.f.f.

E Fred, vou ouvir esses temas atentamente ;)

Electrobot disse...

Qualquer dos dois discos poderiam perfeitamente ser passados num qualquer set mais virado para uma onda Electro-Tech-Minimal-Acid...fora a versão original do tema do Paste, não ouço nada que me faça lembrar o que eu defino como Progressive (e mesmo nessa que referi, essas influências mais Progressive estã muito mitigadas). Portanto não estranharia ouvir temas destes num set de um Ivan Smagghe ou de um Michael Mayer...

Anónimo disse...

este som é aquilo a que tu chamas um hibrido...
hasta

Anónimo disse...

fds..electro tech minimal acid..por amor deus..voces perdem tanto tempo a catalogar..deixem se merdas....

Electrobot disse...

Tens razão, anónimo, mas que queres? Infelizmente, é necessário haver alguma catalogação, para que quando se fala ás pessoas, elas terem uma ideia do que se está a falar. Mas a coisa está tão híbrida...

Pode ser que alguma revista inglesa invente um nome específico para este híbrido ;) (os gajos são bons nisso...).

Anónimo disse...

Independentemente do que quer q seja, tem sempre um ponto de apoio! Seja no house, no electro, no trance,... depois é que nascem diferentes "ramificações"!
É a minha opinião. :)

Anónimo disse...

Devias também usar aspas para mta coisa que dizes e escreves

Anónimo disse...

É verdade não é necessário catalogar, o que eu queria fazer ver, (ouvir), é que cada vez mais se sente uma fusão de todos os estilos, o que é bom!
(Á exepção do Tribal que não lembra ao menino jesus)

Anónimo disse...

é fácil de ver como é catalogado o tema de absolut&blade tem lá um link para os detalhes do Ep:
Progressive/Minimal

Electrobot disse...

"Devias também usar aspas para mta coisa que dizes e escreves"

LLLLOOOOOOOOOOOOOLLLLL

Já agora, exemplifica ;).

Anónimo disse...

Tens uma graça Electrobot
ahhaahahhahahhha até caio para o lado a rir

Electrobot disse...

Antes fazer rir do que fazer chorar ;)...eheheh

andalsness disse...

Já agora, elucidai-me: o que é um pseudo-DJ?
(note-se que não coloco a questão por ignorar o significado do prefixo "pseudo").

Electrobot disse...

Epá, para mim (e é apenas a minha opinião, que, repito, vale o que vale) um pseudo-dj é aquele que se mete no DJing pelas razões erradas, ou seja, aquele que se torna num DJ, não por amor á música ou pela vontade de mostrar coisas novas a quem o ouve, mas sim pelas seguintes razões:
-Ser DJ... "é fixe e tal, é fashion e tal, e pode-se engatar umas garinas e tal, e eu, pá, modéstia á parte, até sou muita bom, e saco tudo da net, já vi o Vibe, o Carl Cox, o John Digweed e o Pete Dha Zhouk umas 500 vezes,eles são os maiores, os outros DJs não valem nada, não perco tempo com eles"...voçês sabem do que eu estou a falar ;).
-De ser DJ por achar que ser DJ é passar umas musiquitas que estão sempre a passar na MTV ou na Rádio e está feito.
-De se limitar a copiar as "playlists" de outros DJs, ou seja, não terem personalidade própria, pois não procuram eles próprios as músicas que mais lhes interessam nas lojas, e a consequente falta de cultura musical.
-De se limitar noite após noite após noite após noite a tocar sempre os mesmos temas na mesma sequência, apenas mudando ligeiramente a sequência quando surge o denominado "tema da moda" ou "hit del verano".

Quem quiser opinar acerca desta questão do pseudo-dj, que esteja á vontade.

p.s. Nem todos os DJs que passam música sacada da net são pseudo-djs, nem o sacar da net significa necessariamente que não se tenha personalidade própria ao ouvir e/ou passar música. Conheço pessoas com muito bom gosto musical, que têm personalidade e gostos próprios ao passar som, mas que praticamente só passam coisas sacadas da net...Acho que deveriam investir na compra dos originais ou sacar de sites com mp3 legais ( 1 ou 2 euros por música não é nada de outro mundo...), porque acho que devemos respeitar os produtores que mais gostamos, mas isso já eu lhes estou farto de dizer. E esclareço este ponto apenas para não se voltar a discutir esta questão dos mp3 ilegais, já muito discutida neste blog em anteriores "posts"...