domingo, março 20, 2005

Crónicas Nocturnas # 13

Esta semana as minhas crónicas nocturnas começam na quarta-feira, pois na quarta-feira fui deixar uns "flyers" relativos ao evento em que iria participar no dia a seguir, quinta-feira. Passei pelo La Bohémme, pelo Baco e pelo Desassossego, que estavam calmos. Os dias de semana em Setúbal, ao contrário de Lisboa, não são lá muito concorridos. Mas como nós sabemos, Lisboa é hoje em dia uma cidade que quase nunca dorme. Passei de raspão por alguns sítios "pop e (pseudo) fashion", onde também não se passava grande coisa (em termos de público, que nessas casas nunca se passa nada...). De música comercial da treta ao mau rock, eis a escolha musical dessas casas...

Na quinta lá fui ao República passar som com o Moon e o Lord Khryst, pena foi que a afluência de público não foi a esperada, e soube mais tarde que pessoas amigas minhas foram até lá com a intenção de entrar, mas que o porteiro lhes pediu 10 Euros á porta...Mas isto tem alguma lógica num dia de semana, pelo menos em Setúbal? Fora certos casos, cada vez tem menos razão de ser aos fins-de-semana, quanto mais a dias de semana...Enfim, será algo a esclarecer com o dono e com o próprio porteiro no caso de virem a existir futuros eventos. Mas fora isso, foi uma noite bastante agradável, em que qualquer um de nós tocou o que quis e bem nos apeteceu, sem qualquer espécie de pressões, tudo dentro do Electro e derivados, e até algum Techno de qualidade. Esperemos que se repita, mas num dia mais forte, e com certas arestas a limar...

Na sexta não me sentia lá muito bem, e achei por bem ficar em casa. Mas no sábado saí, para ir mais uma vez tocar ao Baco. Lá voltei para mais uma sessão de Electro e derivados e algum Punk-Funk e Acid-House. Mais uma vez muito boa onda e sempre considerável adesão ao som que eu toco por parte de quem frequenta o Baco. Por vezes fica-se com a impressão que não está muita gente, mas é devido ao tempo estar melhor e estar muita gente na esplanada, mas da esplanada ouve-se bem o som...eu sei porque de Verão passo muitas noites quentes na esplanada do Baco...eheheh. Nesta noite apareceram por lá uns ingleses que cantavam tão alto, que por vezes abafavam o som da música. A nossa cerveja dá conta deles... A seguir fui mais um grande amigo meu ao Desassossego, onde estava o Gino a passar som, e como sempre, uma sessão de bom Rock pesado e/ou alternativo. A seguir rumámos até ao ADN, onde estava o Pedro Viegas a passar som, em conjunto com um baixista e um percursionista. O som estava agradável, o ADN estava á pinha (como aliás tem estado, felizmente, nos últimos tempos, pelo menos sempre que lá vou...). Enfim, estava um ambiente festivo. Continuo é a não gostar muito de ouvir malta a tocar percussões por cima de sonoridades que não têm muito a ver, apesar de o Pedro Viegas ter tocado uns quantos temas mais "housey", certamente para facilitar a vida ao percussionista, mas quando tocava temas mais Breakbeat ou até mais Electro, o percussionista insistia em acompanhar, e para mim são sonoridades que não pedem percussionistas...mas pronto, é o meu gosto pessoal. E fico espantado por cada vez mais ver no ADN pessoas que costumam ou costumavam frequentar o espectro mais "pop e (pseudo) fashion" da noite setubalense, e a divertirem-se bastante, quem sabe por se sentirem livres do espartilho do "socialmente correcto" que predomina nos sítios "pop e (pseudo) fashion". O meu amigo Gino até comentou comigo que cada vez mais via no ADN pessoas que ele não conhecia de lado nenhum...Será um sinal de que as pessoas estão cada vez mais fartas da estagnação reinante em muitos sítios? Penso que quem gere casas nocturnas ou quem tem tenções de abrir alguma futuramente deverá reflectir acerca disto de uma forma bastante ponderada...

p.s. Há uns tempos uma pessoa conhecida minha foi passar som num dia de semana a uma dessas casas "pop e (pseudo) fashion", e um dos donos/gerentes disse-lhe que não podia pagar muito dinheiro, porque apesar de a casa estar sempre apinhada de gente, não eram pessoas que consumissem muito, e que muita da clientela habitual da casa em questão faz por aparentar bem mais do que o que realmente é...Não é com essa malta que a noite de Setúbal vai andar para a frente. Obviamente terão sempre de existir espaços para essas pessoas que vivem do "faz-de-conta", que também têm direito de se divertirem á sua maneira, mas o problema é que em Setúbal existem casas dessas a mais...Ouvi dizer que vai abrir um bar novo, de nome Extra-Café, ou lá o que é, e tudo indica que vai ser mais um a competir com os restantes bares "pop & (pseudo) fashion". Das duas uma, ou é moda durante uns tempos e depois vai-se abaixo, ou então deita abaixo um dos outros bares, que aliás é o que mais cedo ou mais tarde acontece com todos os estabelecimentos dessa estirpe (excepto o Absurdo, que é o que existe há mais tempo, tem uma clientela certa, e sabe inovar o necessário q.b. para se conseguir manter...). O futuro dirá se a minha análise é ou não a mais correcta...

Sem comentários: