quarta-feira, maio 20, 2009

Outfest @ Barreiro




Os bilhetes, até sexta-feira 21, custam 8€ para um dia e 12€ o passe para os dois dias; após essa data, a entrada para cada dia será preçada a 10€ e o passe estará a 15€, portanto se quiserem poupar uns cobres já sabem...

Dia 22 – Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC)

WILLIAM BASINSKI

Músico e compositor novaiorquino, possui um percurso extremamente atípico nos meandros criação e da edição. No tempo que separa as peças que servem como bases para os seus discos como no seu próprio trabalho, William Basinski vive num outro espaço temporal, onde o antes, o agora e o depois se confundem, cruzam, e nesse movimento abrem outras dimensões e possibilidades.
Com um longo percurso na produção artística, a sua música vê maior reconhecimento aquando do lançamento da sua obra-prima, 'The Disintegration Loops', série constituída por quatro volumes, que começam a ser lançados no início da década, relativamente pouco tempo depois da queda das Torres Gémeas, a 11 de Setembro de 2001.
Basinski passou esse Verão a tentar salvaguardar algumas fitas antigas que tinha em casa, loops feitos duas décadas antes, que se encontravam em avançadíssimo estado de decomposição - alguns só sobreviveriam a mais uma reprodução até se desfazerem por completo. Perante a queda das torres, Basinski decidiu então deixar que estes pedaços lânguidos, lentos, elegíacos, magníficos (algures entre o 'Sinking of the Titanic de Bryars' ou um 'Music For Airports' de Eno gravado nos anos 50) de música, feita há tanto tempo, se revelassem e extinguissem por si só, aí tornando-se, verdadeira e finalmente, peças acabadas.
Antes desse momento e desde ele, contudo, Basinski tem vindo a criar várias obras notáveis seguindo este típica de óptica e prática, que lidam com essa melancolia da finitude e do esquecimento e simultânea imersão na viagem & poética da mortalidade. Abrindo caminho para portas líricas e estruturais no minimalismo contemporâneo como pouquíssimos, formalmente, o fazem em que género seja, Basinski, que acaba de editar '92982' na sua própria editora, a 2064 Music. Mantém-se como uma das figuras fundamentais da música abstracta contemporânea, aqui em estreia nacional.

site oficial http://www.mmlxii.com

SEI MIGUEL METAL MUSIC 4

Figura ímpar no jazz mundial e, definitivamente, em toda a história da música nacional, Sei Miguel prossegue trabalhando, há já mais de vinte anos, numa linguagem composicional, arrangista e instrumentista por cartografar, analisar e divulgar seriamente.
Decide basear a sua música numa aculturadíssima e vasta noção de jazz, inscrevendo-se em som utilizando visões altamente apuradas e individualizadas de fraseado, timbre, espaço e orquestração.
Ao longo centenas de actuações ao vivo e de trabalhos editados em casas como a Ama Romanta, Creative Sources ou Headlights, tem integrado nas suas formações músicos que, em alguns casos, dele retiveram fundamentais ensinamentos. Já nesta década, colaborou regularmente com músicos nacionais como Rafael Toral, Manuel Mota ou Margarida Garcia, tendo desenhado trabalhos específicos que executou com gente como Joe Morris ou Aki Onda.
Para o particular deste concerto, Sei Miguel vai apresentar um programa de peças em que está actualmente a trabalhar, denominado 'The Jewel System', aqui numa formação que o inclui o seu trio clássico com o próprio Sei (em pocket trumpet), Fala Mariam (trombone), César Burago (percussão), e ainda Pedro Gomes (guitarra eléctrica).

site oficial http://rt2.planetaclix.pt/seimiguel/enter.html
video http://www.youtube.com/watch?v=JOaSPj9DiL4 ao vivo no Sonic Scope

CIAN NUGENT

Ilustre herdeiro do legado fundamental de John Fahey ao lado de grandes nomes como Jack Rose ou Steffen Basho-Junghans, imiscuí-se nos vastos cenários da América Profunda para resgatar aos blues e à country matéria prima para delicados rendilhados em guitarra acústica. Os seus dois registos são reveladores do talento de Cian Nugent na arte de tecer lindíssimas melodias, em que o fingerpicking nunca cede ao virtuosismo estéril, para permancer numa aura de apaziguamento e envolvência, plena de lirismo.

myspace http://www.myspace.com/ciannugent

Dia 23 – “Os Franceses”

SPECTRUM BAND

Pete Kember/Sonic Boom/Spectrum pertence a uma estranha raça de artistas que, de tão lendários e mitificados que se tornaram, parecem fazer parte do imaginário colectivo de quem se interessa como alguém longínquo, algures num passado glorioso do panteão do underground do rock, longe de onde as coisas acontecem à frente dos nossos olhos. Muito menos mediático que o seu parceiro nos essenciais Spacemen 3, Jason Pierce, tem vindo a produzir uma quantidade muito substancial de música fundamental nas praticamente duas décadas que se seguiram ao fim da banda em que ambos se iniciaram na música e que marcou, indelevelmente, a produção sonora independente dos anos 80 em diante.
Ao longo de discos notáveis enquanto Spectrum e Experimental Audio Research, Kember mantém-se permanentemente na procura de novas formas de comunicação da transcendência, explosão metafísica e comunicação cósmica através de som, rito e hipnose. A sua música é a de um alinhamento numa viagem até um espaço em que nos deparamos com a grandeza de tudo o que reluz e brilha; um híbrido de death trip narcótica, salvação espiritual e um amor como poucos têm pelo rock, pelos blues e por tudo o que é gloriosamente pentatónico. A máxima que sempre aplicou na música é a mesma ainda hoje: "One chord best, two chords cool, three chords OK, four chords average", como o seu mais recente 'Indian Giver', conjunto de canções de sintetizadores, voz e sangue, o continua a sintetizar.
Depois de um magistral concerto a sala no Museu do Chiado em 2008, estreia agora em Portugal o seu trabalho com banda completa. Apresentado numa recente digressão com os My Bloody Valentine e desde aí viajado por toda a Europa, é um verdadeiro recital de space-rock da mais alta ordem, capitaneadas por um dos grandes da música moderna.

myspace http://www.myspace.com/spectrumofficialpage


DUCKTAILS


Projecto solitário de Matthew Mondanile, que vem desde 2005 construindo um culto fervoroso em seu redor. Com diversas edições dispersas por inúmeras editoras portadoras do legado da cassete roufenha, as suas aproximações ao imaginário tropical, reestruturadas de acordo com os ditames da pop enviesada mais entusiasmante, têm vindo a ser alvo de carregados elogios por parte de nomes tão importantes como David Keenan ou James Ferraro. Partilhando com este último um apreço pelos detritos da cultura popular mais trashy dos anos 90, as suas criações tanto se aproximam do psicadelismo fofo característico de Ariel Pink como dos drones florestais a cheirar o Pacífico, numa obra que estando longe de algum tipo de conclusão reserva ainda muitas surpresas aprazíveis.

myspace http://www.myspace.com/ducktails

WHITEHOUSE

Nome incontornável nos meandros da música experimental dos últimos 30 anos, deve-se ao projecto liderado desde 1980 por William Bennett o extremar da música industrial para os territórios confrontacionais hoje denominados vulgarmente (e de forma algo redutora) por noise. Arautos do harsh noise e da power electronics (termo cunhado pelo próprio Bennett), têm mantido uma formação mutável, por onde passaram colaboradores tão ilustres como Steve Stapleton ou Philip Best. Com uma influência transversal a todas as movimentações mais violentas da música exploratória, os seus ecos encontram-se na pigfuck do Midwest, na power violence dos anos 90 ou no horror lo-fi do noise de Portland deste século. Com uma discografia extremamente respeitável onde se encontram álbuns tão marcantes como “Psychopathia Sexualis”, “Erector” ou “Great White Death”, mantém ainda hoje uma saudável actividade discográfica, com destaque para o muito celebrado “Bird Seed” de 2003. Abandonando no início deste século a parafernália análogica pelo tratamento digital, Bennett tem vindo também a cimentar o seu lugar de esteta assente em memoráveis aparições ao vivo, que transportam o seu espírito transgressor para novas paragens libertas de espartilhos sufocantes. No bastião das lendas apenas se poderá traçar um paralelo com o (incontestado) rei Merzbow.

myspace http://www.myspace.com/susanlawly

LOOSERS

Figuras das expressões mais livres que a música portuguesa tem vivido ao longo deste século, é inegável o papel de destaque dos Loosers no panorama mundial da exploração musical enquanto expressão. Contabilizando inúmeras edições por editoras tão liustres como a Not Not Fun, Qbico ou Woodsist e depois de várias gravitações ao longo de toda a Europa, continuam a fazer da imprevisibilidade uma das suas imagens de marca que os sustém na dianteira dos avanços da música de teor incorpóreo. Com passagens pelo xamanismo kraut, pelo rock mais oblíquo ou pelo drone tribal/tropical, conta quem os viu recentemente que os Hawkind e o stoner mais expansivo marcaram presença. Apontar este passado mais recente não poderá servir como referência para um projecto que faz da constante mutação uma via para a libertação em si mesma, mas volta a reordenar as coordenadas para mais uma prestação digna da memorabilia mais acarinhada, neste regresso ao Out.Fest, depois de uma belíssima passagem em 2006.

myspace www.myspace.com/loosersarefree

TOMUTTONTU

Membro dessa trupe finlandesa de misticismo pagão de nome Kemialliset Ystävat, Jan Anderzèn regressa a Potrugal depois de uma passagem de boa memória em 2005. Na charneira do fértil país que viu nascer nomes como Circle, Islaja ou Uton, a música de Tomutonttu inspira os mesmos ares ancestrais do influente colectivo para os expelir em formas líquidas de influência folk. Dono de uma considerável discografia, tem vindo a alimentar sonhos pastorais com belos drones de carácter benigno, imiscuídos numa dimensão fortemente psicotrópica.

myspace http://www.myspace.com/tomutonttu

AFTER-PARTY NA DISCOTECA DNA COM:

GALA DROP

Carregados de elogios um pouco por toda a parte, não restam hoje dúvidas da premência dos Gala Drop enquanto estetas da mais excitante música vinda de nenhures. São calor tropical em plena urbe de expressiva expansividade, flutuando entre os ecos do dub mais espectral, a liquidez da kösmiche e a libertação dos ritmos africanos, nunca se detendo numa realidade estanque ou conformada. Libertos de coordenadas facilmente referenciáveis, a singularidade dos Gala Drop é retrato vivo da miscigenação cultural pela via que interessa. Segui-la é opção incontornável, o ponto de chegada reside algures por aqui.

myspace http://www.myspace.com/galadrop
video http://youtube.com/watch?v=f8lPeA97PqY ao vivo na AVENIDA

PHOTONZ

Duo de produtores portugueses, têm tido uma galopante ascensão criativa e editorial no último par de anos. Centrando-se numa estética crua, dura mas em última instância celebratória e inclusiva que se inspira no primeiro e puro house, constroem caleidoscopias monocromáticas com a ciência focada nos sítios fundamentais - bombos, tarolas e baixos imperativos. Tudo o resto está divido por faixas que, cada uma, destrói de forma muito particular, com ideias imaculadamente terminadas e prontas a desbroncrar qualquer pista.
Lançaram recentemente em selos com a DIRTY, Dissident ou DZIR. Têm feito sets cada vez mais concorridos por Portugal e por toda a Europa, tanto com o colectivo ZONK (que conta ainda com Major e Javenger Dourado) como em nome próprio. Cultores do passado para unicamente informar o presente, ficam encarregues de fechar este fim-de-semana do Out.Fest.

myspace http://www.myspace.com/photonz
myspace http://www.myspace.com/tamborzonk ZONK

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