quinta-feira, maio 19, 2005

História do Electro-Parte 3

Tal como prometi (já há algum tempo, é verdade...), aqui vai a 3ª e última parte da História do Electro.

Após uma década de 80 em força, e uma década de 90 numa relativa obscuridade, o Electro voltou a ganhar forte preponderância na década inicial do século XXI.

Logo por volta do final dos anos 90 começaram a existir indícios do que se iria passar. Foi aí que começaram a surgir coisas como o Champagne E.P. do Hacker e Miss Kittin, o Space Invaders Are Smoking Grass de I-F, o àlbum Darkdancer dos Les Rhythmes Digitales ou o àlbum I Know Elektrikboy de Thee Madkat Courtship (aka Felix Da Housecat), trabalhos em que se começava a notar uma forte de influência de sonoridades mais ligadas tanto ao Electro-Pop como ao Electro Old School de colheita anos 80. Também em nomes ligados ao "French Touch" como Air, Daft Punk, Superfunk, Mirwais ou Etienne de Crécy se notavam fortes influências de sonoridades mais ligadas aos anos 80. Também muitos dos trabalhos editados por editoras como a International Deejay Gigolo de DJ Hell, a Psi49net de Anthony Rother, a Environ de Morgan Geist ou a 20/20 Vision de Ralph Lawson também começavam, de certa forma, a indicar o caminho que a 1ª metade do secúlo XXI iria percorrer. Também nesta altura surgiram dois àlbuns que remisturavam temas dos Telex...

No ano 2000 foram editados trabalhos como o Innerstrings dos Blackstrobe (editado pela Output de Trevor Jackson) e o Emerge dos Fischerspooner (editado pela International Deejay Gigolo de DJ Hell), dois trabalhos que vieram a demonstrar que a chegada do Electro e derivados a um novo patamar estava mesmo ao bater da porta. Logo no ano 2000, Dave Clarke, um dos mais famosos DJs de Techno inglês, foi dos 1ºs a apostar nesse tema dos Fischerspooner, o que não era anormal, dado a paixão que esse DJ tem pelo Electro, tendo até sido um dos nomes que mais força deu ás sonoridades Electro durante a década de 90.

Já no ano 2000 são também editados dois àbuns em que os anos 80 se encontram bastante presentes, embora não sejam Electro : Tempovision de Etiénne de Crécy (embora de uma forma bastante subtil), e Strange Attitude de Benjamin Diamond. E o tema Music da Madonna, produzido pelo françês Mirwais soava mais a Electro Old School que outra coisa...

Em 2001 é editado o álbum Discovery dos Daft Punk, também fortemente influenciado por sonoridades muito ligadas aos anos 80, ou seja, um álbum com muitas influências de Electro, cheio de "vocoders" e com uma sonoridade bastante pop. Mas é entre meados e fim desse ano que surgem os álbuns e/ou temas chave do ressurgimento em força do Electro : Ladytron-604, Felix Da Housecat-Kittenz And Thee Glitz, Fischerspooner-#1, The Hacker & Miss Kittin - First Album, Playgroup-Playgroup, Little Computer People-Electro Pop (nos àlbuns), Adult.-Hand To Phone, Tiga & Zyntherius-Sunglasses At Night, Blackstrobe-Me & Madonna, Green Velvet-La La Land, David Carretta-Vicious Games, Metro Area-4 e Vitalic-Poney E.P. (onde vinha o demolidor La Rock 01). Inclusivé os Depeche Mode e os New Order voltaram a editar àlbuns esse ano...

Tem-se de pereceber que ligado a este ressurgimento do Electro está ligados o seguinte factor:

-A música de dança estava a passar por uma enorme fase de estagnação, em que praticamente só vivia à base de grandes nomes, mas que tocavam "sets" massacrantes e secantes, sem nada de novo ou fresco. Ora o "ressuscitar" do Electro injectou a mais que necessária frescura, e voltou a levar muita gente a escutar e/ou produzir com prazer música electrónica.

Em 2002 os "media" começaram a chamar a este novo movimento Electroclash, nome de um festival de Nova Iorque, idealizado por Larry Tee, em que participavam nomes ligados ao Electro-Pop, Electro-Punk e até ao de novo re-emergente Punk-Funk. Nunca concordei com esta designação, dado que era um nome de um festival, e de repente começou-se a apelidar de Electroclash coisas que já eram antigas, como o Sweet Dreams dos Eurythmics, ou coisas que não eram Electro de todo, como os temas de gente como os Rapture, mais ligados ao Punk-Funk.

E, subitamente, estilos como o House, o Techno, o Punk começaram a ser fortemente influenciados por estas sonoridades mais ligadas ao Electro. E nomes como David Carretta, Kiko ou Terence Fixmer começaram também a produzir temas fortemente influenciados por Electronic Body Music (EBM). E a cena do chamado Neo Italo-Disco também sofreu um enorme impulso com o ressurgimento do Electro, com nomes como Metro Area, Daniel Wang, Legowelt, Bangkok Impact/Putsch 79 ou Alden Tyrell. Inclusivé nomes ligados ao Italo-Disco original como Alexander Robotnick voltaram a surgir na cena musical...

Também nomes mais ligados ao Minimal Techno, como Michael Mayer, Justus Kohncke, Mathew Jonson ou Superpitcher não foram alheios a este ressurgimento do Electro.

Estrelas pop como Madonna ou Kylie Minogue tanmbém não ficaram alheias a este novo ressurgimento. O tema Can`t Get You Out Of My Head era muito devedor das produções electrónicas de Giorgio Moroder, e no vídeo existiam referências subtis aos Kraftwerk, que também decidiram regressar com àlbum de originais há dois anos. E não esquecer que a Kylie Minogue tem sabido escolher nos últimos tempos remisturadores ligados ao Electro e derivados como Riton, Alter Ego, Whitey ou Mylo...

Não esquecer outros nomes importantes como DJ T, M.A.N.D.Y., Steve Barnes, Tiefschwarz, Mu, Kiki, Ellen Allien, 2 Many DJs, Jesper Dahlback, Peaches, Electronicat, o 2º àlbum dos Goldfrapp...

Esta nova força adquirida pelo Electro também foi, na minha modesta opinião, a catalizadora do ressurgimento da cenaPost-Punk/Punk-Funk e do House de Chicago "circa" 1987/88.

Veio também criar um novo conceito de DJ set, em que se mistura sem qualquer problema temas antigos com temas novos, e esses temas podem ser de diversos estilos, o que não causa monotonia.

E num mesmo tema pode-se ouvir "arpeggios" tipicamente "moroderianos" misturado com um baixo tipicamente Joy Division/New Order.

Será que este ressurgimento do Electro veio para ficar, ou será uma moda passageira? Na minha opinião veio para ficar...mas só o futuro o dirá...

Compilações indispensáveis para quem queira perceber este ressurgimento do Electro:

Futurism vols. 1 e 2
Rebelfuturism vol. 1
American Gigolo mixed by Tiga
As compilações da Gigolo da nº 4 até à nº 6
DJ Kicks de Playgroup
DJ Kicks de Tiga
How To Kill The DJ mixado por Ivan Smagghe
Nag Nag Nag

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