domingo, fevereiro 20, 2005

Crónicas Nocturnas # 9

E assim se passou mais um fim-de-semana, que pelo menos no Sábado foi bastante movimentado.

Na sexta, sinceramente nem era para ter saído á noite, mas recebi um telefonema do meu grande amigo Abel Santos, a dizer que ia passar música no La Bohémme, e lá fui eu...

Não é por ser meu amigo, mas gosto bastante de ouvir o Abel passar som, o gajo tem bom gosto e cultura musical, e é muito eclético a passar som, e passeia-se por estilos com bastante fluidez e á vontade. Num set dele no Bohémme poder-se-á ouvir de tudo...Downtempo, Deep-House, Drum n Bass, Rock (seja de que estilo fôr), Funk, Jazz, Latin, Disco-Sound, Electro e derivados, etc.

O Abel tem uma particularidade engraçada, é raro ele comprar discos que tenham saído no momento, prefere esperar que eles apareçam mais baratos em certos sítios, e no entanto passa música que nunca soa desactualizada, e isso porquê? Porque o que tem qualidade não passa de moda...E tem das maiores colecções de Vinis e CDs que já vi...

Por lá encontrei também um casal amigo meu, o Mário João e a Ana, e estive a pôr a conversa em dia com eles...Da última vez que tinha estado com eles havia sido no Lab, mas como eu tava lá a trabalhar nessa noite, não tive muito tempo para falar com eles.

A seguir ao Bohémme fui para casa, não havia nada que me interessasse em Setúbal nessa noite...

No sábado lá fui ao Baco para mais uma sessão de Electro e derivados, Punk-Funk e Acid-House. Tive, a pedido de várias famílias, de repetir o Galvanize dos Chemical Brothers, o que não me surpreende...os Chemical Brothers sempre fizeram temas para levar qualquer pessoa ao delírio dançante. Temas que também noto que têm uma forte adesão são o Vibramatic do Lionel Hampton & Joakim, o Rocker dos Alter Ego, qualquer coisa que venha do Tiga ou dos Tiefschwarz, o What Happened? do Abe Duque, o Drop The Pressure do Mylo, o Revolution 909 dos Daft Punk e o inevitável Satisfaction do Benny Benassi. Pareceu-me que a malta também reagiu bem ao Jack The Box do Kiko e ao Just Let Go (Thin White Duke Mix) dos Fischerspooner, a também a certos temas Acid-House...Mais uma noite de muito boa onda no Baco, com o pessoal sempre a divertir-se. E tava por lá uma das minhas amigas Sistas, sempre a curtir, sobretudo quando tocava Chemical Brothers, Kraftwerk, Prodigy e Benny Benassi.

Acabada a sessão no Baco, dirigi-me ao Clubíssimo, onde eu sabia que iria estar a Jacklyne a passar som, precedida do Pedro Monchique.

Ao chegar ao Clubíssimo, deparo-me com uma casa com muitos rostos jovens, e devo de admitir que me senti um pouco velho, com tanta juventude ali ao pé de mim. Estava o Pedro Monchique a tocar um daqueles temas que soa a mistura entre R n B e Kuduro, coisa de que eu sinceramente não gosto, mas que a juventude aparentemente aprecia...Verdade seja dita que o Pedro Monchique é bom no que faz e até é um gajo com cultura musical, pena ele sentir-se obrigado a estar sempre a satisfazer gregos e troianos...

No fim do set do Monchique, ele começou a tocar uns temas mais "Tribal", e nessa altura surgiram duas meninas no meio da pista a cuspir fogo. Um espectáculo engraçado, pena o cheiro a gasolina, e uma forte sensação de "dejá-vu". Quando comecei a ir a "Raves", era habitual estas panóplias circenses, com cuspidores de fogo, dançarinos estilo os Alcântara Dancers, animadores estilo o Mató Le Freak, etc... e uma vez cheguei a ver trapezistas e tudo!!! Obviamente, acho estas coisas de cuspidores de fogo um pouco ultrapassadas. (o ano passado estive com o meu amigo Mário João a passar som nos intervalos de um concurso de bandas, e quando estávamos a passar som nesses intervalos, também levávamos sempre com os cuspidores de fogo, e consequentemente com o cheiro a gasolina que empestava aquilo tudo, e já aí comentávamos que aquilo já era muito "demodé"...).

Entretanto, acaba o "circo", e o Monchique passa os comandos da cabine á Jacklyne, que abre a sua sessão com o Drop The Pressure do Mylo, e o pessoal a aderir. Pena que com o prolongar da noite (falta de estaleca, ou falta de cultura musical?), o pessoal a pouco e pouco se tenha retirado da pista de dança, porque o som que a Jacklyne tocou merecia aquela pista completamente cheia e ao rubro. Mesmo assim ficaram uns quantos resistentes, que sempre que a Jacklyne queria dar por encerrada a sessão, não a deixavam. Pena também haver por lá certos jovens que não se sabem controlar, que obrigaram a uma intervenção por parte dos seguranças, mas felizmente também não me pareceu que tivesse algo de muito grave. Emoções adolescentes ao rubro?

Mas vamos ao que realmente interessa...a música. O set da Jacklyne primou pela qualidade, onde se passeou tanto pelo House facção Brett Johnson ou Rob Mello, como pelo Electro-House, como pelo Acid-House. Achei estranho foi com estas coordenadas sonoras, alguém se ter lembrado de ter posto alguém a tocar batuques por cima do som que a Jacklyne estava a tocar. Isso é algo que se aplica bem ao Latin/Afro/Tribal House, agora em relação a House mais electrónico ou Electro-House, aquilo de facto não conjuga. E é preciso não esquecer que o House facção Brett Johnson/Rob Mello ou o movimento Electro são como que um reagir contra as sonoridades mais "tribais". Aliás reparou-se algum desconforto por parte do percussionista ao tentar acompanhar a Jacklyne, e felizmente pouco se ouviu o percussionista...Há coisas que não conjugam mesmo...

O fim de noite foi absolutamente hilariante, ninguém queria deixar a Jacklyne ir-se embora...acho que fez uns 5 encores, e praticamente tudo temas de Electro e derivados...Foi giro ter ouvido no fim temas como Chewing Gum da Annie...Se calhar ainda existe esperança para a juventude setubalense em relação a sonoridades mais Electro ou House Electrónico...A ver vamos o que o futuro nos reserva.

Espero ouvir mais DJs de qualidade este ano no Clubíssimo...

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