domingo, maio 08, 2005

Crónicas Nocturnas # 20

Na quarta, eu e o Zye decidimos ir beber um copo ao La Bohémme. Só que ao chegarmos à porta, vimos que o La Bohémme se encontrava fechado, devido a certas circustâncias de força maior.

Decidimos então ir visitar dois dos novos bares que entretanto abriram na noite setubalense, o Mix Club e o X-Tra Café.

Chegámos ao Mix Club, e gostámos bastante do espaço. Côr branca, bem iluminado, com uma cabine de DJ bem situada e bem apetrechada. Estive a falar com o DJ residente, o grande Pedro Monchique, que me disse que o bar tem estado a funcionar bem e que tem tentado apostar mais num House de qualidade. Ficou no ar uma possibilidade de lá se ir fazer umas coisas giras.

A seguir fomos ver o X-Tra Café. Assim que entrámos, todos os olhares se viraram para nós, o que me deu vontade de rir. São aqueles tais olhares censurantes a tudo o que é diferente ou que se comporta de forma diferente do normal por aqueles sítios, e de que já falei neste blog...decerto uma das razões porque existe cada vez mais a gente a procurar espaços alternativos...O espaço até está engraçadito, mas não passa de um bar/café igual a tantos outros da noite setubalense. A cabine do DJ então é quase inexistente, é no extremo direito do balcão e se o DJ fôr alto ainda se arrisca a bater com a cabeça na esquina...Comentámos entre nós que este deve de ser o bar para onde vai a malta que vê a entrada recusada nos restantes bares "pop e (pseudo) fashion"...Eheheheh.

A seguir fomos beber um copo ao Baco, onde acabámos a nossa (curta) deambulação nocturna.

Na sexta, eu e o Zye fomos tocar ao La Bohémme, e mais uma vez correu bastante bem. Tocámos sonoridades por entre o Downtempo, o Electro e derivados (tendência mais soft), algum House e no fim da noite alguns "hits" dos anos 80...

A seguir fomos ao ADN, onde estava o Pedro Viegas a passar som. Onda bastante eclética, com Breakbeat, Electro, Funk e Hip-Hop. Ouvi por lá uma versão do Insane In The Brain dos Cypress Hill que nunca tinha ouvido. Mais uma noite com boa onda, e com malta que decerto decidiu escapar a certos olhares censurantes...e fizeram muito bem.

No sábado fui ao Baco para mais uma das minhas habituais sessões que andam sempre por entre o Punk-Funk, Disco-Sound, Electro e derivados e Acid-House. Mais uma noite com boa onda, e com o pessoal a aderir bem ao que eu toquei. Também no Baco voltei a ver malta que se anda a escapar aos olhares censurantes...Foi também o dia de anos de um dos barmans maravilha do Baco, o João Gabriel (que contes muitos mais, ragazzo), motivo extra para festejar. Ao lado do Baco abriu agora um restaurante que tanto confecciona comida indiana como italiana...Esperemos que tenham sorte, e a ver se também vou lá um dia destes comer.

A seguir fui ao Newave, para mais um aniversário, desta vez do grande Sid. O Newave estava com um ambiente bastante bom, pois estavam por lá grande parte dos DJs e apreciadores de House (e outras sonoridades dançáveis...) de Setúbal, que criam logo um ambiente "cool" e boa onda. Quando cheguei já os grandes Manu, Simões e Jacklynne haviam tocado, encontrando-se o aniversariante na cabine, que nos proporcionou uma viagem por sonoridades House de qualidade, com um ou outro tema a roçarem sonoridades mais pesadas, mas sempre agradável e "groovy". A seguir entrou o grande Pedro Tiago, que enveredou por sonoridades mais ligadas ao Funky Electronic House "à lá Brett Johnson" e também ao Acid-House. Depois finalizou-se a sessão com todos os DJs que participaram a tocarem um disco cada um. Mais uma noite bem passada. Não terá sido desta vez que se ouviu New Wave no Newave (se bem que se ouviram temas com "basslines" muito devedoras dessa época), mas em contrapartida ouviu-se House de qualidade.

Ao sair do Newave, ainda passei à porta do SpyClub, donde saia uma qualquer tribalada ranhosa, e fiquei a pensar o seguinte...com tanto DJ de Setúbal e arredores a passar música dançável de qualidade (seja no Electro e derivados, seja no House, seja no Breakbeat, etc), porque é que ninguém aposta num espaço alternativo que feche mais tarde, ou porque é que o próprio SpyClub, com dois pisos diferentes, não aposta em sonoridades mais alternativas num deles (de preferência no da parte de cima...)?É que pelo que vejo existem pessoas em número suficiente para encher um "dancefloor" numa casa dessas, e pelos vistos parece cada vez mais haver procura por casas de teor mais alternativo por parte de muita gente, onde geralmente existe mais tolerância por parte de quem as frequenta... São daqueles pensamentos que me assaltam por vezes...

4 comentários:

cakesfactory disse...

Olhares censurantes... sei bem a que te referes! Entra-se num espaço e logo toda a gente direcciona o típico olhar: de cima a baixo, num julgamento imediato. É uma situação que me irrita particularmente. E todos sabemos o tipo de pessoas que costuma fazer isso...

Electrobot disse...

Exacto, eheheheheh.

Mas eu já atingi uma idade em que isso já não me incomoda muito, até me dá vontade de rir...Nem perco tempo a preocupar-me com essa maltinha...

Fred_K disse...

Maltinha nao podias dizer melhor!!!

Electrobot disse...

Jonesy, muito obrigado pelo teu comentário :).

Quando falo de maltinha, nem me refiro muito a essa malta mais nova que sai á noite, refiro-me mais àquela malta que já passou dos 22, 23 anos que estão sempre batidos nesses sítios, e que sempre que vêem alguém vestido ou a comportar-se de forma diferente da que eles acham correcta, parece que se sentem ofendidos e tentam demonstrá-lo com os seus olhares censurantes.

Em relação à malta mais nova, que anda por entre os 15 e os 21 anos, por enquanto não "fuzilam" ninguém com olhares censurantes, só é pena eles não terem grande cultura musical, pois aceitam facilmente coisas estilo Kuduro, O-Zone ou as músicas das coreografias ou só o que passa na rádio ou na MTV, e parece que não sentem vontade de descobrir outras coisas, conformam-se com as coisas más que a generalidade das casas lhes dão a ouvir, o que cria um círculo vicioso, pois ao ouvirem coisas novas e que fujam ao que eles estão habituados acabam por não reagir muito bem, mas claro que isso também é uma questão de os educar a pouco e pouco...E aliás, desde há uns poucos meses para cá cada vez mais começo a vê-los em locais mais "underground", o que poderá ser um sinal de mudança...

O que acho que acontece na noite de Setúbal é o seguinte...A maioria das pessoas que abrem casas não têm coragem de apostar em coisas novas, se vêem que o "vizinho do lado" aparentemente tem sucesso com certa fórmula, tentam usar a mesma fórmula para também eles terem sucesso, o que cria casas que mais parecem "clones" umas das outras. Outro grande problema é que aparentemente nem na música comercial inovam, chega-se a estar anos a ouvir-se quase sempre a mesma "playlist" nessas casas, exceptuando um ou outro tema que na altura esteja na "moda".Penso que mesmo as pessoas que gostam de música comercial estão saturadas dessas casas, e por vezes sentem necessidade de mudar de ares, obrigando-as de certa forma a visitarem casas mais "underground". Quando chegam a essas casas, deparam com um ambiente que lhes é estranho, mas que por um lado os faz sentir bem, pois nessas casas não existe nenhum tipo de pressão social, ou seja, nada de olhares censurantes. E mesmo a malta nova parece estar cada vez mais a aparecer nesses sítios, o que para mim é bom...

É um facto que as casas "underground", quando bem geridas, dão mais dinheiro do que as comerciais, porque nas comerciais vive-se muita vez um ambiente de fachada, de malta que aparenta ser mais do que realmente é, ou seja, as casas até podem estar a abarrotar, mas não quer dizer que se esteja a facturar bem...