domingo, maio 01, 2005

Crónicas Nocturnas # 19

Bem, este foi um fim-de-semana bastante movimentado...

Quinta fui, em conjunto com o Abel, ao Lux , para vermos um dos pioneiros e também lenda viva do Hip-Hop, o grande (em todos os sentidos) Afrika Bambaataa.

Chegamos ao Lux, e estava o Tiago Miranda, no Bar, a passar som, com sonoridades que vão do Funk, ao Disco-Sound, ao Punk-Funk e ao Hip-Hop, muito em consonânca com o espírito da noite, diga-se de passagem.

Por volta da 1:30 da manhã abre a Discoteca, e a Yen Sung inicia a sessão, também por entre sonoridades ligadas ao Funk e ao Hip-Hop (tocou um tema de que gosto bastante, o You´re All I Need To Get By da Mary J Blige em conjunto com o Method Man dos Wu-Tang Clan), antes de passar os comandos a Afrika Bambaataa, que aliás fez bastante vezes papel de "Master Of Cerrimonies", ao apelar e incitar ao movimento corporal do público presente, que por sua vez inicia o set com um tema de Electro Old-School, o Let The Music Play da Shannon. A partir daí foi uma viagem musical por entre estilos como o Funk, o Disco-Sound, o Hip-Hop Old School, o Electro Old School, Breakbeat, algum Dancehall, algum Funk Carioca e uma remistura breakbeat do You Shook Me All Night Long dos AC DC, e no fim desse tema ouviu-se ainda a inconfundível voz de John Bon Jovi a cantar You Give Love A Bad Name...eheheheheheh, mas foi só ameaça mesmo. Sem surpresas, um dos nomes mais ouvidos no set foi o padrinho do Funk, o grande James Brown, de quem Afrika Bambaataa é grande fã. Durante o set de Afrika Bambaataa assistiu-se a uma enorme "battle" de Breakdance, e diga-se de passagem que os "combatentes" eram todos bastante bons. Fez-me lembrar quando também eu dançava Breakdance há un 20 anos atrás...Agora já não tenho nem corpo nem elasticidade para tal...Durante vários momentos foi como se tivéssemos sido transportados para uma qualquer festa de Hip-Hop do início dos ano 80...

Findo o set de Afrika Bambaataa, começou o Mr. Cheeks, também dentro de uma toada mais "funky". Estivemos a ouvi-lo um bocado, mas depois decidimos ir ver como estava o Bar. Nessa altura já se encontrava o Nuno Rosa ao comando da cabine do Bar, e os temas que ele estava a tocar foram-nos fazer ficando lá no Bar. Foi um set por entre o Electro-House, o Acid-House, o Punk-Funk e também coisas como Somebody´s Watching Me dos Rockwell, Join In The Chant dos Nitzer Ebb ou Atomic dos Blondie, tema que fechou a sessão.

Excelente noite, e Lux completamente à pinha nos dois pisos...

Na sexta fui tocar em conjunto com o Henri ao ADN, e foi uma noite que nos correu muito bem, tanto a nível musical como a nível de público. Tanto eu como o Henri conseguimos encadear bem um com o outro, e andámos em sonoridades que percorreram diversos estilos como o Punk-Funk, o Disco-Sound, o Electro e derivados, Acid-House e até Breakbeat. E um grande obrigado a toda a gente que nos foi lá apoiar e/ou dançar ao ADN, esperemos que tenham gostado da nossa sessão, e que a possamos repetir brevemente...Pena o ADN ter de fechar tão cedo, porque quando desligámo a música a casa estava completamente à pinha, mas a lei é para se cumprir...

No sábado, de regresso ao Lux, mas desta vez com o Zye, e para ver outro grande senhor, o françês Ivan Smagghe, que felizmente desta vez não perdeu o avião.

Chegámos ao Lux por volta da uma e pouco da manhã, e estava o Nuno Rosa na cabine do Bar, mas desta vez a passar coisas dentro do Indie-Rock, do Punk-Funk e alguns temas dos anos 80, como o Tears Are Not Enough dos ABC ou Shout dos Tears For Fears, mas nas suas versões 12".
Por volta das duas abriu a Discoteca, e lá fomos nós. Rui Vargas já se encontrava ao comando da cabine, e até às 3:30 demonstrou o porquê de ser considerado um dos melhores DJs nacionais. No início começou por tocar uns temas muito devedores de sonoridades mais ligadas ao Disco-Sound, mas depois evoluiu para temas mais ligados ao Electro-House e ao Acid-House. Às 3:30 entrega o comando da cabine ao grande Ivan Smagghe, e foi um set brutal, mas no bom sentido. Dotado de um grande sentido do que faz mover uma pista de dança, Ivan Smagghe moveu-se com um grande à-vontade por entre estilos como o Electro-House, o Electro-Techno, o Minimal Techno/House típico de editoras como a Kompakt, a Sender ou a Poker Flat, o Acid-House e até temas fortemente influenciados pela EBM. E só consegui reconhecer dois dos temas que ele tocou, e já sei que vou passar uns mesitos a comprar coisas que esse SENHOR tocou nessa noite...Público completamente em delírio. A parte da Discoteca esteve quase sempre a abarrotar, e o Zye, que foi por uns poucos minutos ver como estava o Bar, disse-me que também se encontrava muito movimentado. Às 7:40 acaba a sessão, já num 2º "encore", com um tema que soava a uma mistura entre os Blackstrobe (um dos projectos de que Ivan Smagghe faz parte) e os Depeche Mode. Novo tema dos Blackstrobe? Outro dos temas fortes da noite, que tanto foi tocado por Rui Vargas como por Ivan Smagghe, foi um tema de Acid-House típico em que se ouvia constantemente a palavra "Ecstasy". Será uma produção antiga ou uma moderna a emular esse género de sonoridades?

Enfim...duas grandes noites no Lux.

p.s. São indivíduos como o Afrika Bambaataa e o Ivan Smagghe, cada um dentro do seu estilo, que muito fazem pela missão de educar e divertir ao mesmo tempo quem os ouve, e são para mim o exemplo a seguir... Tenho muita pena que muita gente que trabalha (e frequenta) na noite setubalense não se dê ao trabalho de ir ver nomes destes. A esmagadora maioria dos DJs ( e também outras pessoas ligadas à noite) que trabalham na noite setubalense deveriam ir ouvir nomes como estes, para ver se alargam os seus horizontes musicais, e que vejam que não devem ter medo de arriscar. E sente-se na noite de Setúbal uma vontade de mudança, porque, como estou farto de mencionar aqui no blog, cada vez mais se vê nos sítios "underground" pessoas que costumam ou costumavam andar por sítios "pop e (pseudo) fashion", o que indicia uma cada vez maior saturação na frequência de sítios desses. E a muitas dessas pessoas deve-lhes saber bem o poderem divertir-se sem olhares censurantes...Só não se apercebe destes sinais quem não quer ou quem é cego...E na noite em que estive no ADN estiveram lá pessoas dessas, e que enquanto lá estiveram se divertiram, o que para mim é muito positivo...

Se calhar está na altura de se começar a apostar em casas e pessoas com outro tipo de mentalidade, porque me parece que certos modelos de casas, certos modelos de DJing e certos modos de percepcionar a noite estão à beira da ruptura...E quem pensa que é em abrir casas "pop e (pseudo) fashion" que se vai encher de dinheiro, está muito enganado...Porque aí o mercado já está mais que explorado...

2 comentários:

Anónimo disse...

Lá que a lei é para se cumprir todos sabemos, mas quando a lei é feita, é para todos!
É pena que o crew do ADN não seja coerente e quando temos o nosso amigo Zé Pescador a tocar os temas que já todos ouvimos vezes sem conta eles, por vezes, deixem esticar mais um pouco e quando lá vão novos djs com sonoridades um pouco mais "estranhas" ao estilo da casa, ou aos donos da casa sejam abruptamente interrompidos quando a casa está efectivamente à "pinha" e os clientes da casa estão a curtir.
A mim pessoalmente fizeram-me uma coisa que nunca mais me fazem pois nunca mais entro naquela casa com aquela gerência, depois de me dizerem que poderia tocar mais um tema, na entrada desse tema baixaram-me as vias da mesa de mistura acabando assim a noite, argumentando que os meus temas tinham 10 minutos, estas atitudes só prejudicam a imagem da casa, é pena que não abra uma nova casa alternativa em setúbal para o crew do ADN abrir a pestana e começar a encarar os djs com sonoridades diferentes como mais um dj que tem o seu "tempo de antena", e tem que ser respeitado.
A todos um abraço e desculpem o desabafo!!!
Fred_K

Anónimo disse...

Lá que a lei é para se cumprir todos sabemos, mas quando a lei é feita, é para todos!
É pena que o crew do ADN não seja coerente e quando temos o nosso amigo Zé Pescador a tocar os temas que já todos ouvimos vezes sem conta eles, por vezes, deixem esticar mais um pouco e quando lá vão novos djs com sonoridades um pouco mais "estranhas" ao estilo da casa, ou aos donos da casa, sejam abruptamente interrompidos quando a casa está efectivamente à "pinha" e os clientes da casa estão a curtir.
A mim pessoalmente fizeram-me uma coisa que nunca mais me fazem pois nunca mais entro naquela casa com aquela gerência, depois de me dizerem que poderia tocar mais um tema, na entrada desse tema baixaram-me as vias da mesa de mistura acabando assim a noite, argumentando que os meus temas tinham 10 minutos, estas atitudes só prejudicam a imagem da casa, é pena que não abra uma nova casa alternativa em setúbal para o crew do ADN abrir a pestana e começar a encarar os djs com sonoridades diferentes como mais um dj que tem o seu "tempo de antena", e tem que ser respeitado.
A todos um abraço e desculpem o desabafo!!!
Fred_K