Crónicas Nocturnas # 63

Na quarta, lá voltei á minha residência semanal no ADN (sim, voltou a ser ás quartas, portanto, se não sabiam, ficam a saber...eheheheh). Correu bem, teve-se bem, e quem lá esteve gostou, e um muito obrigado a quem lá esteve e se divertiu. E quarta lá estarei novamente. E fica aqui o aviso que o ADN brevemente vai ter um "site" na net... http://www.adnbar.com .

Na sexta fui ao aniversário de uma amiga minha, que foi na casa do namorado dela, também um grande amigo meu, e teve-se muito bem, comeu-se bem (o bacalhau com natas estava uma delícia), bebeu-se bem, a malta estava toda muito bem-disposta...foi muito divertido. A seguir ainda demos um salto á VIP, onde estava o residente, o DJ Massivedrum a passar sonoridades mais viradas para o Deep-House e o House Vocalizado...agradável, embora não seja o que eu mais oiça hoje em dia. Tive pena de não ir ver Booka Shade ao Lux, mas se alguém que leia este blog foi, pode fazer o "report" á vontade. (entretanto, soube que eles não actuaram no Teatro Sá da Bandeira no Porto...).

No sábado fui com o meu amigo Henri Sanrame ao Loft (antigos Indústria Lx e People), dado que ele ia lá passar som numa festa de anos a decorrer no privado dessa discoteca lisboeta. Foi bastante agradável, o pessoal esteve sempre muito animado, e o Henri foi bastante variado a passar som...Deep-House, House Vocal, Electro e House mais "normal"..mas nada de coisas comerciais e/ou "manistream". Há coisas que ele passa que eu não gosto lá muito, mas não deixo de saber apreciar o trabalho dele, e acho que é um dos talentos mais mal aproveitados aqui da zona de Setúbal...esperemos que este género de trabalhos lhe abra mais portas...

Obviamente estive quase sempre no privado a ouvir o Henri, mas ás vezes ia ouvir e ver o que se passava no Loft propriamente dito...um ambiente bastante juvenil, e as melhores músicas que ouvi das poucas vezes que lá fui foi o You Gonna Want Me do Tiga, o Drop The Pressure do Mylo e o Hung Up da Madonna...o resto, tudo House "mainstream", e inclusivé coisas já muito massacradas...a pior altura foi quando um dos DJs passou dois temas do Bob Sinclar, o Love Generation (um dos piores temas de 2005..Bob, depois de um álbum tão bom como o Paradise e de dois relativamente porreiros como o Champs Elysées e o III, como pudeste fazer uma coisa tão nojenta, tão asquerosa, tão pimbalhosa...as tuas amantes dão cabo da tua conta bancária de forma assim tão radical?) e o novo, que é The World qualquer-coisa...fiquei com vontade de assassinar alguém...eheheh...e como é possível passar-se numa mesma noite Tiga e Bob Sinclar? Universos completamente diferentes...a única coisa em comum é que os vídeos são passados na MTV...a meu ver, claro. E o espaço está giro, mas merecia uma banda-sonora bem melhor...

p.s. Nos últimos tempos tenho ouvido algum pessoal a queixar-se de que está a achar o ambiente no Lux cada vez mais juvenil, e, até, a sentir-se revoltado por ser preterido á entrada, em favor de clientes mais "jovens" (se bem, que,provavelmente vêem em casais...e as adolescentes andam cada vez mais todas giraças...eheheheh...mas eu é só dos 18 para cima que gosto delas...eheh...tavam a pensar o quê, hein? Mentes perversas...).

A verdade é que,isto de supostamente estar a entrar um público mais juvenil em detrimento de denominados verdadeiros fãs de música electrónica não deixa de me preocupar um bocado...mas uma coisa vos digo...a mania do português ir tarde para todos os sítios também potencia um pouco essas situações, tipo "ah, antes das 3 é má onda ir para uma discoteca, é giro é ver aquilo já cheio, e estar na bicha para entrar...mas depois já a casa está mesmo cheia, e depois não entram...e eu vou cedo para evitar isso (e, excepto na noite do Tiga, nunca tive qualquer problema em entrar..e falem aos porteiro com um ar sorridente...também ajuda)...e no bar do Lux está sempre a passar bom som, e mesmo que o bar pareça vazio, num instante fica cheio, não se preocupem..fala-vos um cliente relativamente habitual do Lux.

Mas também a maioria dos DJs do Lux não se preocupa assim muito (no bom sentido, claro)com quem está a ouvi-los, se eles acharem que têm de passar os novos temas ou do Ricardo Villallobos ou dos Dirt Crew ou dos Who Made Who ou do Carl Craig,etc esteja lá ou não o tal ambiente juvenil em peso, eles passam, sem qualquer espécie de problemas...só têm que comer e calar, e foi assim que também me fui educando musicalmente, a ouvir pessoal a mostrar-me coisas novas, a abrirem-me os horizontes (além, é claro, de ter passado a vida, desde os meus 13, 14 anos sempre á procura de ouvir coisas novas, fosse em que estilo musical fosse...)...outro bom exemplo é o Tiago Miranda, que passa cenas completamente "fora"...num set dele, tanto se pode ouvir um tema mais Electro, seguido de um tema de Afro-Beat, que pode ser seguido por um tema de Punk-Funk, que a seguir pode ser seguido por um tema de Indie-Rock, e a seguir lá vai um tema de Disco-Sound (e tudo a soar com nexo)...eheheheheh, e a malta toda caladinha a ouvi-lo passar som, e sem piar...e, verdade seja dita, é melhor habituá-los a ouvir o Ricardo Villallobos, M.A.N.D.Y., DJ T, Dirt Crew, John Dahlback, Playgroup, Justice, Who Made Who, Carl Craig, Moodymann, etc ou as cenas "maradas" (no bom sentido, obviamente) que o Tiago Miranda passa, do que a valente merda dos Love Generations e congéneres...E o Lux, todos nós sabemos, tem que apelar a novas gerações, por muito que custe...nós, os que temos agora entre os 25 e os 35 anos, não o iremos frequentar eternamente, ou pelo menos não tão frequentemente como o fazemos agora...É injusto haver verdadeiros apreciadores de música electrónica a ficarem á porta? É, é muito injusto. Mas é justo negar aos mais novos a posibilidade de ouvirem coisas novas? Não, não é nada justo. E digo isto, a saber que também um dia me posso arriscar a chegar á porta do Lux e ficar na rua...